terça-feira, 11 de agosto de 2009

Companheirismo até na dor

Muito antes ao CAPS - Centro de Atenção Psicossocial, a qualquer ação inerente à Saúde Mental, Jose Vagner foi sempre companheiro, cuidador inseparável dos portadores de sofrimento mental. Cuidou, ajudou, levou pra casa, e muito mais, esteve pronto para estar junto em momentos difíceis e incertos. Uma pessoa humana, sensível, capaz de indignar-se com o preconceito e as injustiças sociais. Temos a oportunidade de conviver com o nosso admirável amigo Jose Vagner, de rara sensibilidade em relação aos seres humanos, e em especial, aqueles portadores de sofrimento. Possui a enorme capacidade de comunicar, de se empolgar e transmitir esperanças. Uma pessoa que olha o mundo com uma perspectiva diferente, que se desdobra diante das injustiças sociais, atitude esta, que muitas vezes o conduz a caminhos difíceis, porém, descobriu que pode muito bem viver com o coração ferido e cicatrizado. A você companheiro de lutas, o nosso muito obrigado, amor, gratidão, reconhecimento, amizade, e acima de tudo, o nosso carinho.

Continue conosco nesta luta!

Carinhosamente

Usuários e funcionários do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

domingo, 9 de agosto de 2009

ONDE ESTÂO MEUS AMIGOS?

Sabe o que eu queria agora.
Sair por aí e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um ombro amigo
Onde eu desaguasse todo desengano
Podem até me chamar de louco
De poeta ou menestrel
O que adianta ser poeta, lançar livros!
Os homens vivem agarrados nas Tvs
Os homens sempre estão se mutilando
em busca do nada
As pessoas andam tristes
Meus amigos, aí meus amigos!
Onde estão que não me escutam?

MEU CAMINHO PARA O CALVÁRIO

Interessante! O Bipolar para mim, começou com uma profunda depressão, quando tentei um auto-extermínio - A solidão e a angústia eram umas cruzes por demais pesadas. Fiquei enclausurado por três dias sem dialogar e sem alimentar e, a essa altura já não me preocupavam minhas faltas no trabalho e a vida parecia terminar ali, nada me ensejava viver; tuberculoso (doença sugerida) e com a mente que não desligava um só momento, viajava em meus pensamentos mórbidos e atrozes. Domingo, 26 de fevereiro de 1968, às 5 horas da manhã de Cristo, estava eu no último andar de um prédio abandonado, onde morava num quartinho (hoje um moderno centro cirúrgico) para muitos, mal assombrado, e eu, completamente só, debilitado e em completo desatino, sem vontade para viver. Como era triste! Tentava arrancar meu cabelo, enquanto as lágrimas banhavam por completo a minha magra face, o meu corpo parecia já incomodar o espaço que ocupava naqueles momentos tão conturbados. Um revolver conseguido na escrivaninha do colega de quarto lampejava no aço inoxidável. Foram três horas de tentativa funesta de auto-extermínio, até que apareceram dois anjos de Guarda, um Padre e o Leopoldo Lopes de Macedo. E vai Pinel !!! Nos primeiros momentos do carnaval de 1968, estava eu, interno na Pinel. Foram 17 anos entre idas e vindas, “tratado” com se esquizofrênico fosse. Foi um período tenebroso entre os choques elétricos, sem falar nos milhares de Haldóis, Amplictis, Trofanis, Anafranis e tantas outras drogas, quase todas indesejáveis. Imaginem quantas guerras travei nessa via Cruzis.

O INÌCIO DA MINHA VIA CRUZES

Em 1968 completava quatro anos de muita luta e aprendizado nesta Diamantina amada. Estava com 20 anos, retirante aos 16 anos da minha terra natal, Turmalina. Até então, vivendo uma juventude dentro dos padrões da época, trabalhando duro na luta pela minha sobrevivência, estudando, namorando e divertindo-me. Desde 1967, já estava engajado em alguns movimentos sociais. Eu começava a viver os meus sonhos e fantasias na terra do Presidente Juscelino Kubitschek; tempo das conquistas, de comprar a primeira radiola portátil que tocava os discos de vinil, que me possibilitava fazer serestas para a primeira namorada, com as músicas do Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e tantos outros idolatrados na época. Tempo de ganhar um abraço fraterno do Presidente J.K, com direito a foto para a posteridade. A minha bipolaridade, sei agora, iniciou-se quando um médico me julgou estar tuberculoso, quando fui solicitar um atestado médico pra fazer o segundo grau.Eu chegava de Turmalina em período pré-carnaval, onde passei a fumar 3 maços de cigarro/dia, pintando parte do cabelo com água oxigenada para fingir ter passado num vestibular. Estava voando entre estrelas e a minha velha Eponina preocupada com o meu desatino. No próximo bloco contarei o início do meu angustiado caminho para o hospício de nome Pinel.

CONHECENDO O JOSÉ VAGNER

A Fala da espósa.

Conheci José Vagner ainda muito jovem. Na época, 1971, fui convidada por ele para trabalhar em uma loja, na qual ele era o gerente; acabamos nos apaixonando. Chegar ha cinco anos de namoro, foi apenas o primeiro passo para uma longa jornada de lutas, que já completam 31 anos de união matrimonial. Perguntavam-me constantemente: - “Você não tem medo de namorar um rapaz doente mental”? Pouco ou quase nada respondia. Pelo contrário, via nele um jovem disposto à luta com uma rara inteligência e uma vontade muito grande de vencer as suas dificuldades. Gostava dele do jeito que ele era, uma pessoa especial, um “louco” que só fazia bem são próximo. Em seus momentos de euforia, em muito excedia ficando, às vezes, sem roupa para vestir. É lógico que não foi fácil, aliás, foi dificílimo. Acabei me tornando, também, como uma boa samaritana administrando tudo para o Zé. Há 15 anos ele tornou-se um eterno vigilante com a sua saúde, sempre equilibrado e estudioso da saúde mental, poderia dar aula sobre várias doenças mentais. Ele tornou-se um profissional prático nas doenças da alma. Esse meu esposo, difícil de acompanhá-lo, tornou-se um ponto de referência e orgulho para mim e para meus quatro filhos nossos filhos. Nós o consideramos um vitorioso.

Fátima Souza Maciel

sábado, 8 de agosto de 2009

Porque não? Sou um BIPOLAR

Desculpem a fragilidade da ortografia, pois minha revisora não consegue me acompanhar.

MEMÓRIAS DE UM PINEL

Homenagem Especial

Aos meus “companheiros” vitimados pelo sofrimento mental, massacrados tantas vezes pela angustiante provação imposta pelo poder da criação, e tantas vezes, por uma sociedade mesquinha e castradora de corações sequiosos de um animo de luta, de vida. Quantos, sucumbidos, desistidos de viver; a minha palavra de afeto, de esperança e de luta constante, por uma causa que muitos dizem, virou uma obsessão em minha vida; O doente mental não tem direito ao grito não e por eles gritarei sempre doa a quem doer.